1.8.09

VOCÊ MORA NO SUBÚRBIO OU NA PERIFERIA?
Sara Teles
Jornal A NOTÍCIA

Existem inúmeros termos para expressar conceitos sobre os espaços de uma cidade, porém quase sempre são usados de forma incorreta. As palavras subúrbio e periferia são exemplos disso. Etimologicamente, ambas significam o espaço que cerca uma cidade, mas a forma como as tomamos conceitualmente, no dia-a-dia, é bastante deturpada.

A palavra subúrbio terminou por ganhar conotação de classe, e um tanto pejorativa. Lugar onde moram as classes menos abastadas, perdendo assim seu caráter geográfico. O termo periferia teve destino semelhante, freqüentemente associado à regiões urbanas de infra-estrutura precária e baixa-renda.

Claro que podem existir regiões periféricas em grandes centros urbanos, ocupadas por empreendimentos imobiliários de alto padrão, que é o que acontece no caso da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, os condomínios da Serra da Cantareira, em São Paulo, Costa Azul, em Salvador, e com os condomínios nas praias do Sul, em Ilhéus, entre tantos outros exemplos que podem ser citados em nossa cidade.

Uma das características dos subúrbios/periferias é a baixa densidade de ocupação dessas áreas que, por essa razão, podem abrigar pequenas propriedades agrícolas, condomínios de luxo, estádios, parques, ou outro tipo de empreendimento que busque mais espaço. Com a industrialização, por exemplo, formaram-se subúrbios industriais e operários. A palavra traduz uma situação intermediária entre cidade e campo e não uma condição sócio-econômica.

Em países como os Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido, as periferias são as áreas da cidade que concentram a população de mais alta renda, enquanto a população mais pobre vive geralmente em áreas centrais da cidade, freqüentemente em guetos ou cortiços.

Em termos mundiais, o conceito de periferia foi reforçado após as duas grandes guerras e acirrado com a Guerra Fria, destinando o status de centro àqueles países de maior poder econômico e militar, e de periférico aos mais pobres, dependentes, com problemas de infra-estrutura.

Percebe-se, portanto, que tudo não passa de uma perpetuação das desigualdades sociais e econômicas. E aí, será que você mora no subúrbio ou na periferia? Tanto faz. É só um recorte geográfico mesmo, ou pelo menos deveria ser.

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