13.10.09

TEOTÔNIO VILELA: ONTEM E HOJE
Sara Teles
Jornal A NOTICIA

Em 1978 havia apenas alguns pequenos sítios de moradores de vida simples que viviam da agricultura doméstica, da caça de pequenos animais, da pesca e da exploração de piaçava, além de frutas encontradas na região em determinadas épocas do ano. A Gomeira era assim conhecida pela população ilheense, devido à intensa produção de polvilho (goma) produzido em alguns sítios e vendido nas feiras livres ou oferecido de casa em casa nas ruas de Ilhéus.

Na década de 80, um número considerável de famílias numerosas de baixa renda vieram a ocupar a área, na qual fizeram uma ocupação desordenada, desmatando e aterrando manguezais. A maioria oriunda das fazendas de cacau que haviam entrado em decadência, por motivo da famigerada vassoura-de-bruxa, destruindo assim o “império do cacau”. Estes trabalhadores rurais não tinham dinheiro e nem para onde ir quando foram despedidos, sendo que boa parte destas famílias eram de outras cidades distantes e até mesmo de outros estados, como Sergipe.

Na época, a Prefeitura Municipal de Ilhéus e autoridades, entendendo que a população precisava de moradia em local decente, resolveram então demarcar ruas e estruturar lotes, e assim cadastrar a todos que ali já se encontravam em barracos cobertos de palha, de plásticos, usando como paredes externas pedaços de tecidos (lençóis), de plásticos e pedaços de caixotes de verduras. Assim, estavam ali dia e noite, na esperança de “um socorro” da parte das autoridades competentes. A P.M.I, resolveu então fazer a distribuição dos lotes de terras aos cadastrados. Um por família constituída, garantindo o solo para que fossem erguidas moradias, segundo as possibilidades de cada família. A partir do loteamento, logo foi fundada a Associação de Moradores da Gomeira. A partir disso, começou a chegar a energia elétrica, água encanada, transporte urbano, escolas e posto de saúde.

No ano de 1986, o então prefeito Jabes Ribeiro trocou o nome do bairro, que passou a se chamar Teotônio Vilela. Antes, o prefeito teria dado outro nome, Horto das Acácias, porém a população não se adaptou, e continuou chamando o local de Vilela.

De acordo com Florinda Teles, estudante do 5º período de História (Uesc), atualmente o bairro tem características de uma pequena cidade, possuindo escolas de ensino fundamental e médio, um pólo do pré-vestibular Universidade Para Todos, mini-hospital, clínica especializada, casa lotérica, módulo da Polícia Militar, 04 postos de saúde, laboratório de análise clínicas, supermercados, açougues, padarias, distribuidoras de gás de cozinha, farmácias, 12 linhas de transporte coletivo, entre outros serviços. Além disso, quase todas as ruas estão asfaltadas e possuem rede de esgoto e iluminação pública.

Mas ainda há muito a ser feito, tendo em vista que o bairro possui aproximadamente 35 mil habitantes e a infra-estrutura instalada não atender a toda população. O Alto do Vilela, por exemplo, continua sem receber atenção do poder público, visto que o local não possui obras de saneamento básico nem pavimentação, a iluminação pública é precária e não existem serviços de saúde ou qualquer outro serviço que dê qualidade de vida aos moradores. Todo esse descaso com os moradores que habitam na entrada do bairro terminam por perpetuar a imagem de favelização do lugar, imagem esta que não corresponde ao desenvolvimento que ocorrera no interior do Teotônio Vilela ao longo desses anos.