3.4.09

DESCASO COM O ESPORTE NA PERIFERIA DE ILHÉUS
Sara Teles
Jornal A Notícia


Todos conhecem os benefícios do esporte tanto para a saúde quanto para o convívio social. Está comprovado que crianças praticantes de atividade física aprendem a se relacionar criando o “espírito de grupo”. A prática de esportes regularmente também melhora a auto-estima e o humor. Quanto aos benefícios sociais, milhares são os atletas que cresceram em áreas de risco social, mas que encontraram bons princípios e perspectivas de vida através do esporte.
O futebol, por ser o desporto mais popular do Brasil, e que despende pouco custo para sua prática, talvez por isso seja tão popular por aqui, é o que mais tem oportunizado mudanças na realidade de jovens moradores das periferias. Quando vejo os atletas na televisão me perguntou, onde eles estariam se em algum momento de suas vidas não fossem contemplados através do futebol?
O avanço de outras tantas modalidades como vôlei, tênis, basquete, handebol, surf, judô, karatê, têm ampliado as possibilidades de profundas mudanças sociais. Porém, embora todos os benefícios, os esforços para promover tais mudanças têm ficado aquém do ideal.
Em Ilhéus, por exemplo, essa triste constatação se evidencia ainda mais nos bairros considerados periféricos. Na maioria deles não há nenhum equipamento esportivo digno da comunidade que ali reside. As “áreas de lazer”, se é que assim podemos chamá-las, são espaços improvisados pelos próprios moradores, que não passam de um campinho de barro ou areia, sem alambrados, sem refletores, ou qualquer estrutura básica que permita um melhor aproveitamento da prática esportiva e até a conseqüente formação de futuros atletas.
O caso que considero mais curioso é o da famosa “Praça dos Esportes” do bairro Teotônio Vilela. A tal praça, na verdade, é uma rua cheia de areia, a qual os moradores fecham com tela nos dias de jogos, e voltam a liberá-la após o baba. Espaço este que, com um mínimo de interesse do poder público, já se teriam construído uma praça “de verdade” com quadra e até um campo para prática de futebol de areia, com toda a infra-estrutura que a comunidade precisa e merece. Salienta-se que, o bairro sequer possui uma praça, embora ali residam quase 20% da população ilheense e essa seja uma antiga solicitação da comunidade.
Acredito que o esporte tem que ser potencializado nestas localidades, nas quais alguns jovens usam o tempo livre para estar nas esquinas, nas conversas vãs e muitas vezes até maquinando coisas erradas. Tais problemas podem ser superados através do esporte, que age como um vetor de coisas boas para a mente e para o corpo, e toda a sociedade ganha com isso.