3.5.09

DROGAS: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA
Sara Teles
(Jornal A NOTÍCIA)
Imagine uma família em plena tarde de um domingo ensolarado, preparando um saboroso churrasco na beira da piscina. Poderia ser mais um daqueles finais de semana em que pais e filhos confraternizam-se. Mas a chegada de um filho drogado muda os planos de descanso da família. Sob efeito de drogas, o jovem Tobias Lee Manfred Hahn, 24 anos, tenta matar a mãe Flávia Costa Hahn, 60 anos, com uma faca. Desesperada, ela pegou um revólver e disparou contra o filho, atingindo-o mortalmente no pescoço.
Diversas vezes encaminhado à clínicas psiquiátricas, na última vez Tobias fugiu pela janela da ambulância quando esta parou na sinaleira, ele também respondia a processos por assaltos, posse de drogas, furtos e lesão corporal praticado contra familiares.
Esse triste episódio revela mais uma vez o submundo das drogas, que tem sido pano de fundo de pelo menos 70% dos homicídios em locais de baixa renda e, pelo visto, espraiando-se pela classe média alta.
Dados da OBID (Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas) acerca da dependência de drogas no Brasil apontam que 12,3% da população são dependentes de álcool, 10,1% de tabaco, 1,2% de maconha, 0,8% de cocaína e 0,14% de crack, sendo que predominam dependentes jovens, entre 17 e 25 anos, e do sexo masculino.
Em todo Brasil tem-se desenvolvido diversas ações para que episódios como o da família Hahn não se repitam. Em Ilhéus, a criação do Conselho Municipal sobre Drogas vem fortalecer o esforço nacional de combate ao uso de entorpecentes, dedicando-se ao pleno desenvolvimento de ações referentes à redução da demanda de drogas.
Os Centros de Recuperação de Dependentes Químicos também têm realizado um trabalho com resultados surpreendentes. São muitos os casos de pessoas que, mesmo em situação aos olhos de muitos irremediável, encontraram um caminho longe das drogas. Mas a realidade de tais instituições é bastante difícil. Em geral, quando as famílias solicitam a ajuda, o familiar dependente químico já provocou tamanha destruição de bens que os parentes mal possuem recursos para mantê-lo no processo de tratamento.
No município existem seis centros de recuperação, cinco deles estão ligados às igrejas evangélicas e um à igreja católica. A maioria funcionando com alguma dificuldade relacionada à alimentação, vestimenta e outros custos. Recentemente, o centro de recuperação que funcionava no bairro Teotônio Vilela precisou encerrar as atividades, em virtude de não haver recursos suficientes para pagar o aluguel. Em face disso, vê-se a necessidade de tratar o problema das drogas como um caso de saúde pública, com centros de recuperação recebendo aporte financeiro para que possam ampliar o trabalho, devolvendo às famílias filhos que sejam orgulho para seus pais.

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